quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OSHO, O GURU INCORRETO?

Recebi um e-mail fazendo referências a histórias supostamente “nebulosas” ao redor do Osho. E também histórias “nebulosas” envolvendo os sannyasins. E talvez seja também por isso que Osho disse que não existe movimento sannyas. O que existe é uma movimentação de sannyasins ao seu redor, no mundo inteiro. E Osho não responde pelos atos de cada sannyasin.
Cada um de nós responde por nossos próprios atos.

O texto abaixo foi a resposta aos diversos itens apontados no tal e-mail recebido. Eu tenho conhecimento de todas as coisas apontadas no e-mail, e de muitas outras. Mas, quer saber de uma coisa? O que me interessa mesmo, única e exclusivamente, é ter conhecimento cada vez mais de qual é a essência da mensagem do Osho. Essa mensagem tem se revelado para mim, através de minha própria experiência, como absolutamente verdadeira e libertadora. Não é da minha conta se presentearam Osho com quase cem Rolls Royces, se o governo americano para se ver livre dele o acusou de dezenas de infrações às leis daquele país, se durante os festivais o pessoal que podia pagar hotel 5 estrelas se acomodava melhor do que quem morava em tendas. Isso faz muita diferença para quem aqui no nosso meio acompanha a corrupta política nacional, as fofocas das celebridades, as novelas da globo. Aí sabemos quem vai passar o reveillon em Nova York, em que hotel vai se hospedar, quem vai para a ilha de Caras, etc. Com Osho isso nada tem a ver. Eu nunca fiquei em hotel 5 estrelas em Puna. Sempre fiquei dividindo quarto com mais 1 ou 2 pessoas. E isso nunca aumentou nem reduziu a minha sintonia com a energia do mestre, com a sua mensagem.

Eu sempre vi pessoas lindas na comuna do Osho. Mas não era condição para entrar na comuna que fossem gatinhas participantes de concurso Miss Puna, nem de concurso das mais "certinhas". Essa é a visão distorcida de quem vive diante da TV, do programa da Xuxa, do Faustão e do Hulk. Na comuna do Osho as coisas acontecem de maneira diferente. Os parâmetros são outros, o conceito de beleza é outro. Também tem gente com rostinho de boneca, mas não é disso que se trata quando falamos de pessoas lindas.

É claro que Osho era uma pessoa de destaque na mídia e numa sociedade neurótica como a americana, ele corria perigo naquela época em que se jogavam bombas em comunidades religiosas que desafiavam as tradições conservadoras cristãs. E haviam comunidades loucas que pregavam o suicídio. Se as pessoas que cuidavam da segurança do Osho andavam armadas, deve ter sido uma medida de precaução que o momento exigia. E dai? Eu não estava lá, naquele momento e naquela situação, cuidando da segurança dele e por isso não sei quais os desafios que eles tiveram que enfrentar. Osho nunca tomou a iniciativa de dizer o que sua guarda deveria fazer, nunca disse que os hotéis de 5 estrelas deveriam ser assim ou assado. Osho cuidava da mensagem que ele nos compartilhava. Ele tinha urgência de deixar sua mensagem para o novo homem, para um novo mundo. O seu foco era a nossa transformação, era nos estimular, nos desafiar a dar um salto quântico em nossas vidas. É claro que ele sempre disse que gostava do melhor e nos estimulou a também querer o melhor para nós, não nos contentar com as migalhas.

A mensagem do Osho sempre priorizou a expansão da consciência, a meditação, a superação dos nossos limites e bloqueios impostos por uma programação arcaica e castradora, de modo que possamos ser livres, conscientes e inteiros em cada ato, em cada momento de nossa vida. E nisso não há preconceito quanto à alegria, ao conforto, à beleza, ao prazer, ao amor. A nossa totalidade implica numa realização plena em todos os sentidos. Osho nunca pregou a caridade cristã de dar abrigo aos pobres e sem-tetos. Quem cuida disso são as igrejas, é a Madre Tereza de Calcutá. Isso nada tem a ver com o trabalho do Osho. Por isso Osho é totalmente diferente de todos esses iluminados que passaram pelo planeta. Ele é revolucionário nesse sentido. Ele não veio dar consolo ao pobre. Ele veio cutucar as pessoas para assumirem as rédeas de sua vida e superarem suas limitações, para se realizarem e alcançarem os picos da espiritualidade através da meditação. Osho nunca pregou voto de pobreza, nem de castidade. Nunca foi a favor do auto-flagelo para redenção das culpas. Essa coisa de pobreza, humilhação, subserviência, tem origem nessas religiões que nos jogam culpa, pecado original, nos proíbem o prazer e o sexo. Osho nada tem a ver com essa tradição religiosa. Com Osho não há preconceito contra a alegria, o luxo, a riqueza, o conforto, a beleza estética. Se podemos viver bem, porque optar por viver mal? Não há recompensas na outra vida ou num paraíso celestial. O paraíso é aqui mesmo. É aqui que o construímos.

Aqueles que ainda estão tropeçando, sem conseguir resolver suas questões materiais básicas, têm que encarar o desafio de superar esse estágio. Esse é o desafio de cada um deles. Quem está com fome de comida, tem que lutar é para conseguir seu pão; não se pode esperar que ele esteja almejando a sofisticação de um espaço meditativo. Infelizmente isso é real. E Osho cita o próprio Jesus quando este disse para algum de seus discípulos que queria cuidar de um parente doente: Jesus disse: deixe que os mortos cuidem dos mortos. Se você quiser se dedicar a uma obra de caridade e salvar o mundo da fome, faça isso. Isso é com você. Faça aquilo que você acha que é certo. E isso vai ser um grande trabalho, de muito mérito. Você poderá se sentir um benfeitor da humanidade, poderá até receber reconhecimento público. Mas nada disso vai somar no seu processo pessoal, interior de crescimento na meditação. Esse seu processo pessoal, interno é somente seu. É você com você mesmo. Nem mesmo o Osho pode lhe ajudar. É um garimpo que você faz dentro de si, percorrendo os mistérios de seu espaço de silêncio interior. É o seu processo individual de auto-conhecimento. Aqui não estamos lhe dizendo para não olhar para o outro, não olhar para o próximo. Estamos apenas lhe dizendo para olhar para si mesmo. Olhe para quem você quiser, mas não deixe de olhar para si mesmo, vá para dentro e mergulhe nessa aventura do auto-conhecimento. Mas, se você não tem o que comer, o que vestir e onde morar, eu não posso lhe pedir que se aquiete e entre no silêncio do espaço meditativo. A visão do Osho às vezes soa um tanto quanto dura. Mas é assim mesmo.

E ainda lhe digo mais: é preciso ter uma compreensão ampliada para sacar a mensagem do Osho. Osho não é para todo mundo. Por isso Osho é tão mal compreendido. As pessoas olham Osho a partir de seus conceitos e preconceitos cristãos, judaicos, muçulmanos, ou hindus. Osho não é nada disso. Esse Osho que a gente encontra nas citações do Facebook, essas frases bonitinhas do Osho que aparecem nas agendas e nos cartões, não revelam a totalidade da mensagem desafiadora, revolucionária e transformadora do Osho. Muita gente se apega na mensagem do Osho quando ele fala da rosa. Mas a rosa traz consigo o espinho. Geralmente as pessoas gostam de olhar para a rosa e evitam encarar o espinho.

O caminho com Osho é um caminho de auto superação a cada instante, a cada passo que damos na vida. Diante de cada situação da vida, nos confrontamos com nossas sombras, com nossos bloqueios, com nossas limitações, com nossas repressões. Osho não nos pede para segui-lo. Ele nos desafia a seguirmos a nós mesmos. Mas primeiro temos que saber quem somos originalmente, ele não se refere a essa personalidade moldada pela sociedade, pelos pais, pela escola, pelas religiões. Quem somos por trás de tudo isso? E aí sim, ele nos convida a vivermos em sintonia com aquilo que somos originalmente, espontânea e naturalmente. Mas, podemos também optar por fechar os olhos para isso e levarmos uma “vidinha”, curtindo o último capítulo da novela da Globo, postando frases bonitinhas no Facebook, fazendo caras e bocas para impressionar as pessoas, exibindo o carrinho do ano, usando roupinhas de grife, etc etc. Aqui é preciso distinguir. Uma coisa é buscar sua realização plena, corpo/espírito, sem preconceitos quanto ao conforto e ao bem estar material. Outra coisa é achar que o conforto e as benesses da tecnologia significam o máximo na vida.

É muito difícil e árduo encarar o desafio que Osho coloca diante de nós, para assumirmos a nossa própria trajetória de vida. Por isso é muito mais fácil olharmos seus Rolls Royce, o luxo dos hoteis 5 estrelas, a restrição à entrada em sua comuna de soropositivos, esfarrapados e drogados. Assim, podemos vestir a capa de defensores da boa causa e não temos que encarar os desafios que ele coloca diante de nós. Aliás, o próprio Osho disse em algum lugar que se você só tem olhos para ver os seus Rolls Royce, é porque você não está apto a entrar no caminho que ele nos aponta. Então só lhe resta ficar contando os Rolls Royce. Esse é o estágio em que você se encontra. Ele dizia que os Rolls Royces acabaram funcionando como um filtro para o trabalho dele.

Para uma pessoa que fica apontando essas coisas "nebulosas" ao redor do Osho, só podemos dizer: - Tudo bem, fique aí anotando todos esses detalhes no seu caderninho. Passe a vida pesquisando isso, pelo menos você continuará girando ao redor da figura do Osho. Quem sabe, se em algum momento você tropeça numa mensagem dele que lhe dê uma sacudida e você acorda desse sono em que está mergulhado?

quarta-feira, 14 de março de 2012

Minha experiência com a Meditação da Percepção Corpórea


Há pouco mais de 1 mês, eu venho praticando a Meditação da Percepção Corpórea em grupo como prática interativa on-line através do Skype e individualmente no meu dia-a-dia. Essa prática está me abrindo para novas sensações e percepções no meu dia-a-dia; sinto que ela está contribuindo para eu estar mais presente no aqui e agora.
Existem vários detalhes importantes que precisam ser orientados no caso de alguém querer ser iniciado nesta técnica. Mas, de uma maneira bem resumida e para o propósito desta minha reflexão, eu poderia dizer que nessa técnica, eu me coloco numa postura de meditação, sentado, coluna e cabeça eretas e relaxado, e a cada ciclo respiratório, vou percebendo as partes do corpo onde as sensações são mais intensas.
O que tenho experimentado nessa técnica é que ao perceber essas partes do corpo, naturalmente as minhas tensões e os bloqueios vão sendo liberados e o estado de relaxamento automaticamente tende a se aprofundar. E esse aprofundamento do relaxamento associado à atitude de perceber as sensações, sem acoplar pensamentos dispersivos, tem por conseqüência, também natural, o aprofundamento do meu estado meditativo.
Uma coisa que me agradou muito nessa técnica, é que ela é muito fácil, muito simples. A gente não precisa fazer nenhum esforço. Ao contrário estamos sempre procurando aquilo que é mais fácil, o que é mais gostoso, onde ficamos mais à vontade. E assim, vamos relaxando, relaxando e, ao mesmo tempo, o mergulho interno vai se aprofundando. Sob certo sentido, eu poderia dizer que essa técnica é didática, pois ela nos facilita vivenciar a essência da meditação.
É claro que existem pessoas e pessoas, e ainda bem que nem todas são iguais. Mas, para mim, particularmente, a prática da Meditação da Percepção Corpórea tem sido muito benéfica, na medida em que está aguçando minha perceptividade e meu nível de presença no aqui e agora. Certamente tem contribuído para isso a minha prática regular em períodos curtos diariamente. E sempre que posso, e me lembro, procuro exercitar a percepção corpórea nas atividades comuns, como tomar banho, caminhar, comer, numa fila de espera, dentro do ônibus, etc.
Lembro-me de quando me iniciava nas meditações e terapias inspiradas no Osho, há quase 30 anos, que as pessoas diziam que havia aqueles que para liberar seus bloqueios, tensões e repressões precisavam de uma britadeira, enquanto para outros um bisturi era mais indicado e outros ainda, para quem apenas um toque sutil de uma massagem era o bastante. Considero a Meditação da Percepção Corpórea nesse contexto do toque sutil.
A minha experiência com essa meditação não exclui a minha prática regular de técnicas meditativas do Osho. Ao contrário, eu tenho percebido que minhas práticas de meditação do Osho no espaço Shunyata aqui em Juiz de Fora estão alcançando um aprofundamento ainda maior. Atribuo isso ao fato de estar com minha atenção e perceptividade mais aguçadas. Na noite de hoje, por exemplo, durante a Gourishankar, pude estar mais presente e mais perceptivo a cada ciclo respiratório do primeiro estágio; me senti mais atento à chama da vela no segundo; tive uma bela experiência de latihan, observando e sentindo toda a natural movimentação do corpo. E finalizei com um profundo silêncio e quietude no último estágio, sem muitos pensamentos dispersivos.
Um outro aspecto que me surpreendeu nessa meditação é o fato dela ser feita em grupo utilizando o Skype, que é um recurso tecnológico moderníssimo, ao qual não tiveram acesso os místicos e meditadores do passado. E tem sido incrível como o campo de energia meditativa está sendo criado quando nos reunimos on-line. Vivenciamos as duas experiências: a de meditarmos individualmente e, ao mesmo tempo, a de meditarmos em grupo.
Com este meu depoimento, quero apenas compartilhar essa minha experiência com a Meditação da Percepção Corpórea, que foi desenvolvida pelo nosso amigo Nisargan, com base em seus muitos anos de experiência meditativa.
Ele tem organizado grupos para a prática interativa dessa meditação on-line através do Skype e produziu uma série de 6 aulas em vídeos que divulgou no Youtube sob o título de “Meditação com Nisargan”. Basta procurar por esse título no Youtube e as aulas estão lá. Além disso, Nisargan disponibiliza o e-mail meditandoagora@gmail.com para os interessados em obter mais informações sobre essa meditação e como participar.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

REFLEXÕES A RESPEITO DE UMA FALA DO OSHO



Osho diz:
"Não dou nenhuma disciplina a meus discípulos, não os moldo em nenhum tipo de caráter, padrão e ‘deverias’. Não lhes dou nenhum ideal.
Simplesmente lhe dou algo pequeno que precisa ser alimentado em seu coração: seja mais alerta!
Faça o que quiser, mas faça com mais consciência!
Transforme cada oportunidade em uma estratégia para se tornar mais consciente! E logo mais e mais consciência fluirá em você, o inundará, mais do que você se mobilizou a atingir.
Então, você perceberá as mãos do divino o auxiliando. Uma vez percebidas essas mãos, surge a confiança. Então, você perceberá que não está sozinho; todos os que se iluminaram estão lhe dando suporte.
Este é o maior ato altruísta que alguém pode fazer: tornar-se consciente! Pois, ao tornar-se consciente, você libera consciência à existência, consciência viva novamente liberada...
A quantidade total de consciência se eleva no mundo sempre que alguém fica alerta.
No dia em que a quantidade total de consciência no mundo superar a quantidade total de inconsciência, haverá uma grande mudança universal.
Neste dia, toda a humanidade dará um salto quântico, e este dia está se aproximando. Se as pessoas se empenharem firmemente, o dia está se aproximando..."


A primeira coisa que me salta aos olhos nessa fala do Osho é que ele está falando para mim, ele está falando para você que está lendo este meu escrito. Ele não está falando para alguém distante, ele não está escrevendo uma tese, não está divagando sobre conceitos filosóficos, nem está falando para a multidão.
Ele está falando diretamente para o coração de um público seleto.
E quem se importa com o que Osho fala? Quem é tocado pela sua mensagem? Será que somos uns vinte mil aqui no Brasil? Ou uns quarenta mil, entre discípulos, amigos, leitores assíduos de seus livros, pessoas que passaram por terapias nele inspiradas... Será que somos cem mil?
De qualquer forma, somos um público restrito, num país de quase duzentos milhões de habitantes. E o mesmo ocorre em todo o mundo.
Ele com sua autoridade de iluminado nos diz textualmente que o “maior ato altruísta que alguém pode fazer, é tornar-se consciente”.
E será que ao menos sabemos o que é ser “consciente”?
Será que basta a leitura de textos do Osho para nos tornarmos consciente?
Sabemos ao menos a diferença entre consciência e mente consciente? Conhecemos por nossa própria experiência a diferença entre nosso Centro Observador e nossa mente observadora?
Esse conhecimento é experiencial, ou seja, ele advém da experiência meditativa, dos experimentos científicos que fazemos em nosso próprio interior. Esse conhecimento nos chega através da meditação.
É exercitando nossa pesquisa direcionada ao nosso interior que pouco a pouco nos habilitamos a reconhecer nosso Centro Observador, podemos começar a ter um gostinho do que é estar no aqui-e-agora e saber o que é estar presente. A meditação é a ferramenta.
Mas, palavras como meditação, aqui-e-agora, centro observador, todas elas são palavras bonitas e fáceis de serem repetidas. E é aqui que surge a diferença entre quem apenas repete essas palavras bonitas, quem até se “apaixona” pelas frases poéticas do Osho, quem gosta de fazer parte das tribos ditas místicas e esotéricas, e aqueles que realmente mergulham na meditação.
Por isso um dia Osho disse que o mala, a roupa ocre e um nome iniciático não fazem de alguém um sannyasin.
A grande mudança universal de que Osho nos fala não cairá dos céus, não será um presente dos deuses. Osho nos fala de nossa responsabilidade com nossa mobilização para estarmos conscientes. Sim, nessa mobilização sentiremos as mãos do divino. Mas para isso temos que estar nos mobilizando.
Essa mobilização tem um nome: meditação.
Meditação não é uma causa a ser defendida por uma tribo mística, não é a bandeira de um movimento, não é uma movimentação externa.
Meditação diz respeito ao indivíduo. É um mergulho meu dentro de mim mesmo. Embora possa ser praticada em grupo, ainda assim é um experimento individual.
Para meditarmos precisamos de técnicas, embora Osho nos advirta que a técnica não é meditação, mas ele também nos diz que sem a técnica não chegaremos a lugar algum.
Para meditarmos precisamos de uma iniciação, de um aprendizado. É um processo de experimentações que se sucedem. E é muito bom quando temos oportunidades para troca de experiências, para que uns possam compartilhar com os outros suas descobertas, suas dúvidas.
Meditação é uma prática a ser incorporada ao nosso dia-a-dia. E é um longo processo que se estende por anos, anos e anos.
Ao longo desses anos, meditando com regularidade, nossa meditação vai crescendo e nós crescemos junto com ela. E nem tudo são flores: passamos por experiências de profunda paz e por experiências dolorosas, ora estamos em êxtase, ora estamos angustiados. É um aprendizado onde caímos e nos levantamos várias vezes. Na medida em que nossa consciência cresce, nosso ego vai se desmontando. E isso é doloroso. Leva um tempo até nos desprendermos e nos desidentificarmos das armadilhas da mente, do ego, dos apegos, das projeções, das ilusões, das crenças.
É um processo longo que requer paciência e persistência.
Às vezes nos sentimos fracassados por não chegarmos a lugar algum e jogamos tudo para o ar. Passamos um tempo sem querer falar em meditação. Mas se existe um real chamamento dentro de nós, se existe esse questionamento interno de ‘quem sou eu?’, se existe essa busca, então não há como escapar: após um tempo retornamos a esse caminho sem caminho, sem trilhas, que é a meditação.
Este é, de fato, um processo científico voltado para dentro de nós mesmos. É nesse processo que se dá a aprendizagem da meditação e é só nesse processo que podemos vir a alcançar a compreensão vivencial do que é consciência, do que é estar presente no aqui-e-agora. É nesse processo que posso chegar a saber ‘quem sou eu’, além da mente, além do ego.
O caminho é longo, mas, depois de um certo tempo, começamos a perceber que já não somos o mesmo de antes; depois de um tempo nos percebemos cada vez mais quietos, mais silenciosos, mais serenos.
Sem meditação, todas essas lindas palavras serão apenas lindas palavras sem qualquer significado. Com a meditação, elas se transformam numa linda aventura, nós nos transformamos e elas trazem significado à nossa vida.