sábado, 18 de julho de 2009

Espontaneidade

Recebi um texto extraído de uma fala do Osho sobre espontaneidade.
Lembrei-me de uma situação que vivi há cerca de 25 anos, quando fui com uns amigos passar um final de semana numa chácara. Na programação havia banho na cachoeira, meditações, preparo das refeições, entre outras coisas.
De repente me vi com uma garotinha de 2 anos, filha de uma amiga, que me chamou para brincar. Na época, eu levava uma vida tão robotizada que aquele convite da garotinha me deu um nó na cabeça. E fiquei muito assustado com o fato de não saber brincar espontaneamente.
Essa questão da espontaneidade sempre foi um nó em minha cabeça. Talvez por isso eu tenha gostado tanto desse texto que recebi. E não resisti à vontade de traduzi-lo para publicar neste meu blog.
A tradução que segue foi feita a partir da fonte original do texto do Osho que é o Cap. 15 do livro The Great Nothing, um diário de darshan.

“Se o ser espontâneo for tomado como uma disciplina, você estará criando problemas para si mesmo.
Tudo o que está acontecendo é espontâneo, e você está tentando ser espontâneo. Se você for bem sucedido, isso não será espontâneo.
Tente entender o ponto: o sexo está na sua mente, e também o contínuo julgamento e a culpa, assim como uma mente crítica, sempre pensando sobre o que os outros irão dizer, sempre tentando melhorar – essa é a sua espontaneidade.
Agora você está tentando ser espontâneo – isso significa que deve parar com todas essas coisas. Ora, que tipo de espontaneidade você está tentando ter? Será espontâneo, quando você forçar todas essas coisas a pararem? Isso será uma coisa não-espontânea.
Espontaneidade é aquilo que é. Qualquer que seja o caso, aquilo é a espontaneidade. Ser espontâneo significa não desejar qualquer outra coisa que já não esteja ali.
Se a sua mente julga, e daí?
Se você se sente desconfortável com isso, então fique desconfortável. Se você puder aceitar o estar desconfortável e tudo mais que estiver acontecendo, você será espontâneo.
Espontaneidade não é um objetivo – é uma compreensão. Não é algo que tenha que ser praticado. Tudo que tem que ser praticado torna você mais e mais mecânico, um robô. Espontaneidade é aquilo que já está acontecendo sem que você faça qualquer coisa a respeito.
Seja verdadeiramente espontâneo.
Qualquer que seja o caso, ele é desse jeito. Se você está julgando, tudo bem, você está julgando. Se você tem fantasias sexuais, isso também está OK. E se você se sente desconfortável com isso, tudo bem. Simplesmente tente compreender.
Tentar ser um outro alguém, tentar se tornar melhor, tentar melhorar as coisas, essa é toda a abordagem estúpida que tem corrompido a humanidade ao longo dos séculos, ao longo das eras. Todas as religiões foram corrompidas por causa desse constante desejo de que a pessoa tem que melhorar, tem que se tornar isso ou aquilo.
Todos os objetivos criam tensão e angústia. Viva sem objetivos e, então, você será espontâneo. E observe: eu não estou lhe dizendo para tentar viver sem objetivos, senão isso se tornará um objetivo e de novo você estará num dilema. Eu não estou lhe dizendo para fazer coisa alguma. Eu estou simplesmente dizendo que qualquer que seja o caso, ele é desse jeito.
Se você disser que isso parece ser impossível, então você já transformou isso num objetivo. Quando diz que isso é impossível, você está dizendo, ‘Eu entendo tudo o que você está dizendo, mas eu não consigo fazer. É muito difícil.’
Mas eu não estou lhe dizendo para fazer coisa alguma. As coisas já estão acontecendo. Não é você que está fazendo. Se você é crítico,se está julgando – isso é o que está acontecendo. Se você está desconfortável – Isso está acontecendo.
Se você sentir que é desconfortável aceitar isso e sentir uma natural rejeição crescendo, aceite essa rejeição também. Mas, no final de tudo, a aceitação tem que estar presente.
Por um mês, simplesmente viva sem objetivos, sem qualquer esforço para melhorar. Você não vai se tornar um santo. Eu não estou aqui para ajudá-lo a se tornar um santo. Eu estou aqui apenas para ajudá-lo a viver a vida que já está disponível para você.
Não existe outra vida. Todas as outras vidas estão na mente.
Você não está confuso por causa de sua vida. Você está confuso por causa de suas idéias. Primeiro você julga e depois julga o julgamento. Primeiro você julga e depois julga que não é certo julgar, que não se deve julgar. Aí você se vê diante de um problema. Ao invés de um, agora você fez dois julgamentos. E eu lhe disse uma coisa e você pode fazer um terceiro julgamento. E isso vai até o infinito.
Assim, qualquer que seja o caso... por um mês simplesmente viva da maneira como você está vivendo... E alegremente curta isso.
A pessoa está tentando sair do chão, puxando o cadarço de seu próprio sapato. Isso não funciona.
Dois mais dois são quatro. Se você tentar fazer com que seja cinco, não vai funcionar. Isso só funciona de uma única maneira que é: dois mais dois são quatro. Esta é a única maneira que a sua vida funciona: com julgamentos, com sexualidade, com sonhos, com pensamentos, com medos. Essa é a maneira como a sua vida está funcionando – simplesmente relaxe nisso. Pare de lutar contra isso, pare de querer melhorar sua vida – ao invés disso, comece a vivê-la. Simplesmente relaxe e deixe que a vida caminhe. Deixe que a vida se mova do jeito que ela se move. E você simplesmente vá com ela. “ (Osho)