sexta-feira, 27 de março de 2009

Bons tempos


Recebi um e-mail da Chandra falando dos bons tempos em que editávamos o jornal Osho Times em Brasília e um grande grupo de colaboradores espalhados por todo o Brasil se encarregava de vendê-los ou colocá-los em bancas de revistas. Cada um se comprometia com a venda de um certo número: 5, 10, 20. E havia aqueles que pediam 50 exemplares. E outros que rapidamente vendiam seus lotes e pediam reforço. Assim, eram impressos e vendidos 1.500 jornais todos os meses, nos anos de 1989 e 1990. Em Brasília o nosso grupo contava com o Batohi, o Mardava, o Milarepa, a Asmi e outros colaboradores. Antes de Brasília, os 3 primeiros números do jornal haviam sido editados no Rio, com a Rashki, o Goloka e outros mais. Depois o jornal foi para Porto Alegre, com o Ansu e depois Curitiba com o Jayen. E durante todo esse tempo, a tradução do jornal e a preparação dos fotolitos eram feitas em Puna pelo Gyano, que nos enviava mensalmente pelo correio. Ainda não existia Internet.

A Chandra lembrou que no dia em que Osho deixou o corpo, 19 de janeiro de 1990, os brasileiros que estavam em Puna se preparavam para um show à noite, para arrecadar fundos para o jornal. E ela mesma iria dançar lambada com um sannyasin brasileiro.
Bons tempos aqueles. E bom que a gente estava lá para vivê-los.

Todo o movimento ao redor do Osho, no mundo inteiro era de muita alegria, muitas cores, muita celebração, muita interação dentro do grupo de sannyasins, muitos encontros para meditar e compartilhar experiências, muitos grupos de crescimento com catarse, danças e abertura do coração. Era o “orange people” que se espalhava como uma onda não só no Brasil, mas sobretudo pelos paises do primeiro mundo.

Hoje os tempos são outros. Piores? Melhores? Simplesmente são outros tempos, outra realidade. Talvez estejamos um pouco mais maduros, talvez já tenhamos dissolvido algumas carências e ansiedades mais pesadas. Embora outras mais sutis ainda teimem em permanecer, alimentando ilusões e expectativas que logo se manifestam sob forma de frustrações.

Mas os novos tempos e a nova realidade também nos brindam com novas oportunidades de viver novos bons tempos. E se ficarmos antenados, descobrimos logo a agenda de celebrações e de alegria que a existência programa permanentemente para nós.

A grande diferença que sinto hoje é que antes eu dependia mais da existência de um grupo que agitava e embalava, e me contagiava para participar do agito e do embalo. E o próprio grupo se embalava no ritmo e no rumo que captava nas movimentações do grande maestro que era Osho. Hoje, sozinho, eu consigo me conectar com o embalo das águas, das folhas, do vento, das pessoas, da minha própria variação de humor; entro nos agitos e embalos que quero entrar, driblo e saio fora daqueles que não quero e depois me recolho e descanso, quando sinto que é o momento. Osho permanece como um suave sopro em que me embalo, como uma lembrança permanente para que eu permaneça consciente, não me perca e sim que me encontre no meio de todos esses embalos e agitos da vida,

Os tempos sempre são bons tempos, a realidade sempre oferece oportunidades de celebração, de introspecção, de interação, de êxtase. Somos nós que fazemos a diferença, de acordo com nosso humor, nossas ilusões, nossas expectativas, nossas tensões, nossas crenças e interpretações.

sábado, 14 de março de 2009

Um Dia com Osho - II


De 6 a 8 de março/09.
O encontro aconteceu exatamente do jeito que era para ter acontecido.
Como, aliás, tudo na vida.

Desde que concebi a idéia desse trabalho “Um dia com Osho”, ficou claro para mim que não seria um trabalho “meu”. No máximo, eu seria um facilitador. Todo o material usado seria (e foi) do Osho. Suas técnicas de meditação, textos selecionados de seus livros, trechos de vídeos selecionados de suas palestras, exercícios de relaxamento montados com base em suas dicas. O que poderia chamar de “meu” trabalho foi apenas um cuidado carinhoso de fazer essas seleções e encaixá-las dentro de uma seqüência harmônica e explorando o esplendor da natureza virgem do parque ecológico.

O grupo foi pequeno, o que era perfeitamente previsível. Todos nós sabemos que Osho atrai mas, ao mesmo tempo, provoca calafrios. Se o propósito tivesse sido o de reunir muitas pessoas, teria sido mais apropriado montar um trabalho com um começo, meio e fim, devidamente delineados, sobretudo mensurando previamente o retorno que dele adviria. Mas não era esse o nosso propósito. Meditações do Osho sempre mexem com a gente. Podemos já ter feito Dinâmica por mais de 20 anos, ela sempre pode nos pegar desprevenidos e dar uma rasteira em nosso ego e mente, colocando-nos cara a cara com situações que não gostamos de ver. Palestras do Osho em vídeo, com seus gestos, sua voz e seu olhar podem nos surpreender e desmontar nossas torres de controle. Inconscientemente encontramos mil razões para não podermos estar presentes num evento como este.

O ambiente natural cumpriu o seu papel. Todos nós nos sentimos tocados pela natureza pura, cercados por matas, cachoeiras, rochas esculpidas nas paredes dos canyons, pássaros, borboletas variadas, o ar puro, a água potável, o silêncio. Também nos tocou muito a boa acolhida que a pousada nos propiciou, a presença do anfitrião Ricardo com seus “causos mineiros” e a boa Don’Ana com sua comida gostosa. Tudo facilitou a nossa sensação de “estarmos em casa” e relaxados.

Gostei da minha atuação como facilitador e dos feed-backs que recebi dos participantes. Gostei de ter conduzido as atividades de maneira bem leve e totalmente integrado ao grupo. Pudemos relaxar e as atividades se acomodaram ao ritmo da própria natureza. Vivenciamos todas as práticas previstas e tivemos tempo suficiente para conversar sobre tudo. Foram muito ricos os momentos em que compartilhamos nossas experiências. E como o grupo era pequeno, muitas vezes compartilhamos informalmente durante o café da manhã e o almoço, antecipando abordagens previstas para acontecer no salão. Tudo contribuiu para nos tornarmos amigos e, em alguns momentos, até confidentes.

Tivemos momentos mágicos como a observação do pouso das andorinhões, no final da tarde, que de repente surgem em bandos no céu, bem lá no alto, e descem como se fossem jatos de guerra, numa velocidade certeira em direção aos esconderijos nas paredes escuras das rochas. Também foi muito especial a meditação que fizemos ao lado da cachoeira, utilizando uma técnica orientada por Osho no Livro dos Segredos. O som da cachoeira funciona como excelente recurso para driblarmos a tagarelice da mente.

O formato básico desse workshop se acomoda em um dia de atividades. Por isso o nome “Um dia com Osho”. Mas, na Estação Andorinhas, devido à exuberância da natureza e ao ambiente de relaxamento e recolhimento, o workshop dura quase dois dias, com o acréscimo de algumas práticas e a liberação de um tempo para explorarmos e curtirmos o espaço. Com certeza o workshop na Estação Andorinhas tem um sabor especial. Que o digam a Khilma que viajou 12 horas para participar e a Mel que viajou outras 7 horas.