sábado, 31 de janeiro de 2009

Iluminação


Iluminação não é algo tão simples como pode parecer, principalmente diante do grande pelotão de pessoas que se declaram iluminadas hoje em dia. Parece que virou moda declarar-se iluminado.
A nossa mente pode criar uma série de argumentos, uma série de raciocínios, uma série de justificativas e explicações a respeito do que é iluminação. A nossa mente analisa as atitudes, as palavras, a aparência de um iluminado ou de alguém que se declara iluminado, e tira suas conclusões.
Mas eu entendo que a experiência de iluminação é algo que transcende a tudo isso que possa ser descrito pela mente.
Eu sei que Osho é iluminado pelo que ele transmite em seu olhar, em seus gestos, em sua presença, no amor que permeia suas palavras. A serenidade dele é imperturbável.
Você olha nos olhos dele e vê o vazio, vazio de ego. É de fato um bambu oco. Mesmo num vídeo dá para se perceber isso.

Neste blog, eu postei um artigo em 19/01/09, onde disse: "um dia a gente encontra a chave que nos abre a porta do silêncio e quietude interior, sem qualquer técnica. Um dia a gente começa a ter vislumbres reais do nosso centro mais interno, onde está a nossa fonte de sabedoria e discernimento e então podemos dizer que estamos dando o quarto passo para realmente conhecer Osho. Eu entendo que é nesse espaço de silêncio e paz, nesse vazio interno, nessa quietude, que realmente nos encontramos com Osho, nos encontramos conosco mesmo, nos encontramos com Deus."
Mas isso são apenas vislumbres que a gente consegue ter. Às vezes essa experiência se torna muito forte e até parece que vamos explodir em êxtase. No máximo isso pode ser um satori, que ainda assim é apenas um vislumbre da luz mais ampla e intensa que podemos alcançar.
Por tudo que li do Osho (não é pela minha experiência, mas sim pela leitura do Osho), compreendi que a iluminação chega quando esse vislumbre se torna um estado permanente de ser. A pessoa vive 24 horas por dia esse vislumbre, esse êxtase, esse estado em que todas as suas percepções estão afloradas, todo o seu potencial vem à tona, e vive isso naturalmente, espontaneamente. É quando Osho diz que qualquer ato da pessoa, por menor que seja, acontece meditativamente, graciosamente, cheio de luz.

Através dos toques do Osho, entendi que a iluminação chega à pessoa, a iluminação acontece. A pessoa não faz práticas específicas para isso. Não adianta querer apressar esse acontecer. Não é assim que ocorre. Mas é preciso percorrer um caminho e não se pode perder a naturalidade e a espontaneidade. E na maior parte das vezes essa naturalidade e espontaneidade ainda têm que ser resgatadas, pois foram sufocadas ao longo de nossa vida. E tem muito mais coisas a serem resgatadas: a nossa alegria, o nosso prazer, a nossa sensitividade... Então eu entendo que esse é um caminhar onde cada passo é criado a cada momento, onde o cuidado tem que estar sempre presente, onde a sintonia com o nosso centro é fundamental para que possamos responder a cada situação a partir desse centro mais interno e mais puro e não a partir de nosso ego, não a partir de nossos condicionamentos. É uma longa caminhada onde a prática regular de meditação é fundamental, senão a gente escorrega e cai na mente, cai no ego, cai na programação e perde essa sintonia com nosso centro. Este é o ponto onde eu sinto que me encontro hoje, buscando essa regularidade na meditação, buscando trazer consciência para cada ato, procurando estar presente em cada momento. E estar presente não é estar com a mente presente, analisando e acompanhando e registrando cada fato. É estar conectado com o nosso centro mais interno a cada momento, a cada agir, a cada falar, a cada fazer.

Entendi através das leituras do Osho que a iluminação chega à pessoa quando ela está vulnerável, receptiva e aberta. E ele diz que a iluminação acontece num piscar de olhos. Mas para se chegar até esse ponto, o caminho tem que ser percorrido. E aí é aquela velha história: temos que praticar muitas técnicas de meditação, durante muitos anos, até descobrirmos a chave que abre a porta do silêncio e quietude interior, como disse no meu artigo acima citado. E, mais apropriadamente, como foi dito por Osho no texto do boletim deste mês de fevereiro:
"No meio da noite, você acordará, sentará na cama e simplesmente entrará em sua solitude. E isto é apenas uma questão de seguir repetindo. Na medida em que você vai se movendo para dentro e para fora, vai ficando mais fácil, o caminho se torna mais leve. Isso se torna tão fácil que a qualquer momento você simplesmente fecha os olhos e imediatamente alcança o centro, sem perder um átimo de segundo. Então, até na praça do mercado você pode estar só, no meio da multidão. E você sentirá uma certa alegria crescendo em você, uma certa canção surgindo em seu silêncio, uma certa fragrância que você nunca conheceu antes."

Eu suponho que, depois que a pessoa chega nesse ponto, trazendo cada vez mais a meditação para a sua vida, ela poderá dar mais um passo que é esse estado de vulnerabilidade, abertura e receptividade em que Osho diz que um clique acontece e a pessoa acorda.
Com certeza esse estado ainda não faz parte de minha experiência.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cadê o fio da barba de Jesus?


Vó Ângela era uma matriarca típica. E ela tinha seus méritos. Aprendeu rapidamente a língua de sua nova terra e logo conseguiu trabalhar como professora de português. A morte do marido Pietro complicou um pouco sua vida, afinal haviam chegado da Itália, fazia pouco tempo, no final do século XIX com três filhos a tira-colo.

Mas vó Ângela não se fez de rogada e aceitou logo casar-se novamente com aquele que viemos a conhecer como padrinho Artur. Padrinho porque ele era muito vaidoso e não aceitava ser chamado do avô. Ele era austríaco, fugiu das várias guerras do império Austro-húngaro na segunda metade do século XIX e clandestinamente chegou ao Brasil, escondendo-se nas vizinhanças de Juiz de Fora. Casara-se com uma ex-escrava que lhe deu quatro filhos antes de morrer e deixá-lo viúvo. Padrinho Artur ostentava com orgulho a foto de Francisco José I, imperador da Áustria e rei da Hungria, casado com a mulher considerada mais bonita de seu tempo, Isabel da Baviera, conhecida na família com o nome de Sissi, que veio a ser vivida no cinema por Romy Schneider, um sucesso de bilheteria, nos anos 50.

Conta-se que antes de vir para o Brasil, durante a guerra da unificação italiana, quando a região de Veneza era disputada entre austríacos e italianos, um padre italiano bateu na porta da casa de vó Ângela pedindo para se esconder, pois estava sob a mira dos soldados. Na madrugada, o padre foi embora sem ao menos se despedir. De manhã encontraram uma caixinha esquecida pelo padre, dentro da qual havia um fio da barba de Jesus (!?).

É bom lembrar que no início dos tempos modernos, a igreja “vendia”, ou seja, concedia indulgência a quem comprasse relíquias sagradas. Conta-se que havia 19.000 pedaços de ossos sagrados à venda e que com os fragmentos da cruz de Cristo disponíveis seria possível construir uma esquadra como a de Cabral, com treze navios. Isso talvez explique como o fio da barba de Jesus chegou em Juiz de Fora numa caixinha da vó Ângela. Vó Ângela deixou o corpo antes de 1940 e com ela desapareceu a tal caixinha. Conta minha mãe, que só os mais velhos tiveram acesso ao tal conteúdo da caixa. Nada mais ela sabe dizer a respeito. Eu sempre fiquei me perguntando: será que existiu a tal caixinha?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Para se conhecer Osho


Na minha maneira de ver, existem quatro passos fundamentais para se conhecer a mensagem do Osho.
A gente começa lendo seus livros. Eu li o primeiro livro do Osho em 1982 e não parei mais.
Ele fala de questões delicadas e complexas sobre as quais sempre tivemos dificuldades de compreender quando lemos os textos de mestres do passado. Ele fala de maneira simples, clara e de fácil compreensão. E como todos temos a semente da sabedoria escondida em nós, ao vê-lo falar essa verdade surge logo uma ressonância dentro de nós. Por isso muita gente diz: “eu gosto do Osho porque ele fala exatamente as coisas que eu penso. Temos opiniões muito parecidas.” Não nos damos conta de que não se trata de uma verdade dele ou minha. A verdade é eterna e universal. É disso que ele nos fala. E ele fala de uma maneira tão poética que facilmente ficamos envolvidos.

Depois que ficamos “viciados” em ler Osho, descobrimos que ele não escreveu esses livros. Eles são transcrições de suas palestras. Eu quis então vê-lo falar, tive vontade de conhecer os vídeos com suas palestras. No meu começo, Osho ainda estava no corpo e eu fui até Puna para vê-lo pessoalmente. Não tinha como não ir. Senti o chamado de maneira irresistível. É claro que hoje as coisas são diferentes pois Osho não está no corpo. E além disso, nem todos sentem essa vontade de querer ver seus vídeos e ficam mesmo no nível mais intelectual e filosófico. Mas quando vemos o seu vídeo com o coração aberto, com a mente esvaziada, não há como não ficarmos fascinados com sua presença, seus gestos e seu olhar, que dizem muito mais que as palavras.

O terceiro passo, que é muito importante, costuma vir junto com as leituras ou com os vídeos. É quando descobrimos que o centro de sua mensagem é a meditação. Quando temos a sorte de viver numa cidade em que funciona um Centro de Meditação, então mergulhamos fundo na Dinâmica, na Kundalini, na Nataraj, na Nadabrahma e em várias outras técnicas por ele criadas. Lembro-me de como todas essas técnicas mexiam (e ainda mexem) comigo. Organizávamos grupos para ir a um sítio num final de semana e fazíamos, por nossa conta, maratonas de meditações. Em casa, os amigos se reuniam para meditar com uma freqüência que hoje não vejo ser tão comum.

A verdade, é que quando entramos na prática de meditações é que começamos a verdadeira aventura. Começamos a mergulhar em nosso espaço interior, um espaço até então não explorado. Ele é vazio e silencioso, mas com uma profundidade e uma paz que nos toma e deixa uma irresistível vontade de querer experimentar mais.
No começo é normal fazermos confusão e entendermos errado uma série de sensações e imagens que nos surgem. Mas Osho deixou-nos muitas orientações e esclarecimentos que facilitam o nosso caminho. Sempre gostei de recorrer ao “Meditação: Primeira e Última Liberdade” para ouvir do Osho as explicações sobre o que é de fato meditação e o que é viagem da minha mente.
As técnicas de meditação do Osho são ferramentas muito importantes para nós ocidentais e modernos. As velhas técnicas orientais dificilmente funcionam de fato para homem estressado e apressado de nossos dias. Podem até propiciar um relaxamento e servir de "refresco" no meio da confusão diária. Mas isso é muito pouco diante da grande revolução que a meditação pode propiciar na vida de um meditador.

Na minha experiência pessoal, eu pude perceber com a prolongada prática de meditações do Osho ao longo dos anos, que suas técnicas nos preparam para um dia descobrirmos aquilo que ele mesmo disse: que as técnicas são apenas técnicas e que a meditação é algo que está além das técnicas. E que um dia a gente encontra a chave que nos abre a porta do silêncio e quietude interior, sem qualquer técnica.
Um dia a gente começa a ter vislumbres reais do nosso centro mais interno, onde está a nossa fonte de sabedoria e discernimento e então podemos dizer que estamos dando o quarto passo para realmente conhecer Osho. Eu entendo que é nesse espaço de silêncio e paz, nesse vazio interno, nessa quietude, que realmente nos encontramos com Osho, nos encontramos conosco mesmo, nos encontramos com Deus.
O mergulho nesse espaço, cada vez mais fundo é o processo de autoconhecimento.
A jornada é longa, mas é uma bela jornada. É como perseguir o arco-iris num caminho cheio de aventuras e surpresas. Vale a pena. Na verdade, é a única coisa que vale a pena.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Bem-vindo Ano Novo!


Eu sempre acho e digo que essas coisas de ano novo, datas natalícias, dias disso e daquilo são bobagens. E acho mesmo. Mas devo admitir que para mim este ano de 2009 está começando com ares diferentes, com uma nova energia, nova disposição e um novo colorido.

Sinto que minha vida está diferente. Não tanto por fatores externos, mas sobretudo por uma atitude interna que brotou em mim de querer estar mais vivo, mais consciente, mais sintonizado com o que realmente quero a cada momento, com o que realmente estou sentindo lá bem no fundo. E junto com isso veio uma não-disposição a fazer concessões, a contemporizar. Sinto que estou abrindo as portas para a expansão e realização de meu potencial, de minha vontade, de minha criatividade, de minha liberdade enfim.

E sinto que isso tudo veio com o ano novo.
E parece que ele veio forte mesmo. Primeiro queimou o HD de meu computador e me pôs duas semanas debruçado em cima de pen-drives e velhos arquivos copiados em CDs e notebook, tentando recuperar o máximo possível de minhas ferramentas de trabalho. Perdi o material preparado para o boletim de janeiro que não saiu, perdi várias coisas, mas não perdi a vontade e o gás de querer refazer tudo, e de aproveitar para refazer de uma maneira melhor, de aproveitar e repensar a estrutura do site do Osho Brasil, criar novas seções, tentar torná-lo mais leve e agradável de ser lido. E estou gostando do que estou criando.

Devo confessar que a perda do HD com todo o trabalho nele arquivado foi um choque. Enquanto minha CPU ficou no conserto, para instalar novo HD zerado, passei mais que um dia sozinho, sem falar com ninguém e sem fazer absolutamente nada. Fiquei parado, sem entender o que estava acontecendo e sem querer entender.

Mas foi apenas isso. A partir daí começou forte o meu processo de recuperação, não só do HD, mas principalmente de meu pique de querer e fazer, de vislumbrar possibilidades e realizá-las. E nesse pique, também veio uma clareza maior quanto à realização de eventos com base na visão do Osho. Algumas parcerias surgiram neste início de ano, incluindo um belo espaço natural onde esses trabalhos serão oferecidos e pessoas com quem poderei compartilhar atuações. No site do Osho Brasil, a galeria de fotos pode ser acessada através do seguinte endereço www.oshobrasil.com.br/andorinhas.htm

Bem-vindo 2009!