Dentro de poucos dias, completa 1 ano a famosa pergunta feita pelo rei Juan Carlos a Hugo Chavez: ‘Por qué non te callas?’.
A questão não é quem disse nem para quem foi dita. A frase em si é forte e muito oportuna. Volta e meia, a imagem dessa participação do rei na Cúpula Ibero-americana do Chile ressurge em minha memória, sobretudo nesses tempos de campanha eleitoral, de anúncios apocalípticos de visitas de E.T. e de proclamações dos arautos do fim iminente do capitalismo, com o colapso de seu sistema financeiro e de suas bolsas de valores. Fica um ti-ti-ti constante na mente.
A mídia se delicia com os discursos válidos ou inválidos dos hugoschaves ou georgesbushes espalhados pelo planeta, omitindo os jogos de interesses ocultos por trás desses discursos válidos ou inválidos; os eleitores petistas, tucanos e pefelistas se digladiam - uns exaltando hoje a adoção de medidas que ontem rejeitaram e outros rejeitando hoje as medidas que ontem adotaram -, como se o José ou o Mané, pelo simples fato de serem deste ou daquele partido, fossem os melhores ou os piores, fossem mais confiáveis ou menos confiáveis; como se a corrupção e o desmando fossem prerrogativas apenas dos políticos do outro partido, e nunca dos de sua legenda preferida.
A minha Caixa de Entrada está repleta de e-mails enviados por habitantes de outras galáxias, dirigidos aos “amados habitantes do planeta Terra”, anunciando e alertando-nos para o óbvio e para o inimaginável. Ultimamente, chegaram a anunciar a aparição de naves que permaneceriam no céu por vários dias, exatamente para “callar” a voz dos incrédulos. Anúncio este, aliás, desmentido por porta-vozes de outros seres siderais, o que nos leva a crer que uns são mais E.T. e outros nem tanto - numa graduação semelhante à do crescente pelotão de iluminados, que a cada dia aumentam as “mensagens da boa nova” que nos chegam sob forma de Spam. Cada qual também anunciando desde o óbvio até o inimaginável.
O círculo se completa quando, na outra extremidade da corda, vemos os anúncios de catastróficas oscilações do mercado e de falência de bancos, que são vendidos com grande alarde a um público ávido por notícias do tipo “quanto pior melhor”, sem se importar com o esclarecimento de quem, por trás da cortina, se locupleta, alimentando artificialmente, ou efetivamente, o caos e o pânico.
Nessas horas, fecho os olhos, e todas essas vozes se misturam, falando ao mesmo tempo. Evoco, então, a presença do rei com sua fala firme, e me dirijo a cada uma dessas vozes: “Por qué non te callas?”
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Meditação
Nos nossos dicionários, a palavra meditação aparece como sinônimo de concentração, reflexão e oração mental. Na tradição oriental, a palavra meditação tem outro significado e é a ferramenta mais fundamental no processo de auto-conhecimento até o supremo salto transformador da vida humana.
Mas é muito difícil falar o que é meditação. É uma viagem muito pessoal. É simplesmente vivencial. É percepção, não é reflexão, nem raciocínio, conclusão, análise ou interpretação. Por isso é difícil expressar em palavras o que é meditação. É algo que está além da mente. A meditação está no terreno do vazio, do silêncio, do sagrado. Ela não faz parte do mundo das palavras.
Como a nossa mente é muito tagarela, é fácil encontrarmos pessoas que falam sobre meditação, que dão sugestões de como fazê-la, que falam de suas maravilhas ou do que quer que seja. A mente sempre fala muito. Por isso é preciso muito critério ao se buscar literatura a respeito de meditação.
Os grandes e verdadeiros mestres falam sobre meditação há milênios. Eles falam a partir de suas próprias experiências como iluminados. Mas, como eles falaram em épocas distintas para povos distintos, com necessidades e compreensões distintas, às vezes fica complicado e até contraditório o entendimento de suas orientações.
Osho é um mestre contemporâneo, que fala para as pessoas desta época e que desenvolveu técnicas apropriadas para o homem ocidental moderno. Pela minha própria experiência, posso dizer que escolhendo uma só orientação, já é muito difícil a prática regular de meditação. Nesse campo, a mistura de orientações diversas pode não nos levar a lugar algum.
Para qualquer pessoa interessada em saber vivencialmente o que é meditação, e mesmo para aquelas que querem aprofundar a sua experiência meditativa, sugerimos um excelente manual que se encontra nas principais livrarias. É o livro "Meditação: Primeira e Última Liberdade", de autoria do Osho, publicado no Brasil pela Sextante Editora. A primeira parte do livro esclarece tudo o que é e o que não é meditação, o que são técnicas, e muitas dicas importantes. A segunda parte descreve dezenas de técnicas que podem ser praticadas por qualquer um em seu próprio espaço.
É um experimento. Não é algo muito sério. Aliás, a seriedade é um obstáculo à meditação. É um relaxamento. É um mergulho num espaço intangível, uma viagem a um mundo desconhecido que acaba sendo revelador de outras dimensões da vida, de novas percepções, de novos sabores.
Mas é muito difícil falar o que é meditação. É uma viagem muito pessoal. É simplesmente vivencial. É percepção, não é reflexão, nem raciocínio, conclusão, análise ou interpretação. Por isso é difícil expressar em palavras o que é meditação. É algo que está além da mente. A meditação está no terreno do vazio, do silêncio, do sagrado. Ela não faz parte do mundo das palavras.
Como a nossa mente é muito tagarela, é fácil encontrarmos pessoas que falam sobre meditação, que dão sugestões de como fazê-la, que falam de suas maravilhas ou do que quer que seja. A mente sempre fala muito. Por isso é preciso muito critério ao se buscar literatura a respeito de meditação.
Os grandes e verdadeiros mestres falam sobre meditação há milênios. Eles falam a partir de suas próprias experiências como iluminados. Mas, como eles falaram em épocas distintas para povos distintos, com necessidades e compreensões distintas, às vezes fica complicado e até contraditório o entendimento de suas orientações.
Osho é um mestre contemporâneo, que fala para as pessoas desta época e que desenvolveu técnicas apropriadas para o homem ocidental moderno. Pela minha própria experiência, posso dizer que escolhendo uma só orientação, já é muito difícil a prática regular de meditação. Nesse campo, a mistura de orientações diversas pode não nos levar a lugar algum.
Para qualquer pessoa interessada em saber vivencialmente o que é meditação, e mesmo para aquelas que querem aprofundar a sua experiência meditativa, sugerimos um excelente manual que se encontra nas principais livrarias. É o livro "Meditação: Primeira e Última Liberdade", de autoria do Osho, publicado no Brasil pela Sextante Editora. A primeira parte do livro esclarece tudo o que é e o que não é meditação, o que são técnicas, e muitas dicas importantes. A segunda parte descreve dezenas de técnicas que podem ser praticadas por qualquer um em seu próprio espaço.
É um experimento. Não é algo muito sério. Aliás, a seriedade é um obstáculo à meditação. É um relaxamento. É um mergulho num espaço intangível, uma viagem a um mundo desconhecido que acaba sendo revelador de outras dimensões da vida, de novas percepções, de novos sabores.
sábado, 4 de outubro de 2008
Momentos mágicos
Existem situações especiais que propiciam o desabrochar de momentos mágicos. Nas minhas estadas em Puna, quando Osho ainda estava no corpo, eu vivi muitos momentos mágicos. Osho era um grande demolidor, mas, ao mesmo tempo, a sua presença era um grande catalisador e irradiava uma forte energia que pairava sobre toda a comuna e se fundia com o clima gerado pela prática intensiva de meditação por parte dos sannyasins e demais buscadores presentes. Bastava cruzar os portões de entrada da Osho Commune International, para se experimentar e se envolver nesse campo energético quase tangível. Parece que o próprio ar nos conduzia a um espaço de quietude, de percepção mais aguçada, de alegria pura, de amorosidade. A sensação era de que finalmente chegávamos em casa.
Na medida em que éramos tomados por essa energia, nos dissolvíamos no corpo da comuna. Era como se existissem dois mundos: o que estava do lado de fora dos portões, espalhado pelos quatro continentes e, ali dentro, o mundo da comuna, no qual estávamos imersos. Nos meses mais ativos, a comuna abrigava cerca de dez mil pessoas. Eram buscadores oriundos dos mais diversos países, cada qual com trajetórias únicas, formando um imenso mosaico, multicolorido e harmônico. Esse campo de energia que havia na comuna era um convite permanente para que abríssemos nossos corações, com receptividade e entrega. E com essa abertura, tudo acontecia. Costumávamos dizer que um dia de vida na comuna compreendia experimentos e sacações que não conseguíamos obter em um ano de tentativas no mundo externo. Era um espaço aberto a todas as possibilidades, sem imposições, sem limitações e com um suporte absolutamente confiável dos companheiros de jornada, das equipes de terapeutas e do próprio Osho. Vivendo nesse laboratório experimental de consciência humana, éramos constantemente tomados por insights que não raramente dissolviam questões que vínhamos arrastando por anos e anos.
Os insights surgiam como um estalar de dedos nos momentos mágicos propiciados por todo esse clima. E não é fácil transmitir em palavras o que eram esses insights e o impacto por eles provocado em nossas vidas. Principalmente porque, em geral, eles não traziam novidades. Eram toques simples que a gente já conhecia e eram absolutamente óbvios. O que os fazia serem especiais é que antes eram conhecimentos intelectuais extraídos de livros, e agora eram experiências vivas, eram viscerais e, sobretudo, transformadores. Os insights sempre surgiam em momento de entrega e receptividade, quando nos permitíamos ver pequenos nós que estavam ali na nossa frente, impedindo a expressão de nossa alegria, de nossa criatividade, de nossa liberdade. Às vezes acontecia através de uma palavra do facilitador de um grupo, dita de coração a coração, outras vezes, surgia no silêncio de uma Vipássana no Buddha Hall, muitas vezes o insight aflorava durante as palestras do Osho, ou mesmo quando ele estava em silêncio nos satsangs no início da noite. E também ocorriam nas atividades da rotina diária, durante uma caminhada, num momento de silêncio, num trabalho comunal.
As experiências que vivi em Puna foram fundamentais para a minha caminhada. Voltando à vida normal no mundo, trouxe comigo a compreensão de que eu pessoalmente também carrego os meus próprios “portões da comuna” que delimitam as fronteiras entre meu mundo interior e o exterior. E se eu dou atenção ao meu mundo interior, se aprofundo minha meditação, em conseqüência, eu crio as condições especiais necessárias para o desabrochar de momentos mágicos e de sucessivos insights que iluminam meu caminho. E como em Puna, a presença de Osho continua se manifestando, só que agora fora do seu corpo físico, dissolvido nas flores, nas estrelas, nos pássaros, como ele próprio nos falou que seria.
Na medida em que éramos tomados por essa energia, nos dissolvíamos no corpo da comuna. Era como se existissem dois mundos: o que estava do lado de fora dos portões, espalhado pelos quatro continentes e, ali dentro, o mundo da comuna, no qual estávamos imersos. Nos meses mais ativos, a comuna abrigava cerca de dez mil pessoas. Eram buscadores oriundos dos mais diversos países, cada qual com trajetórias únicas, formando um imenso mosaico, multicolorido e harmônico. Esse campo de energia que havia na comuna era um convite permanente para que abríssemos nossos corações, com receptividade e entrega. E com essa abertura, tudo acontecia. Costumávamos dizer que um dia de vida na comuna compreendia experimentos e sacações que não conseguíamos obter em um ano de tentativas no mundo externo. Era um espaço aberto a todas as possibilidades, sem imposições, sem limitações e com um suporte absolutamente confiável dos companheiros de jornada, das equipes de terapeutas e do próprio Osho. Vivendo nesse laboratório experimental de consciência humana, éramos constantemente tomados por insights que não raramente dissolviam questões que vínhamos arrastando por anos e anos.
Os insights surgiam como um estalar de dedos nos momentos mágicos propiciados por todo esse clima. E não é fácil transmitir em palavras o que eram esses insights e o impacto por eles provocado em nossas vidas. Principalmente porque, em geral, eles não traziam novidades. Eram toques simples que a gente já conhecia e eram absolutamente óbvios. O que os fazia serem especiais é que antes eram conhecimentos intelectuais extraídos de livros, e agora eram experiências vivas, eram viscerais e, sobretudo, transformadores. Os insights sempre surgiam em momento de entrega e receptividade, quando nos permitíamos ver pequenos nós que estavam ali na nossa frente, impedindo a expressão de nossa alegria, de nossa criatividade, de nossa liberdade. Às vezes acontecia através de uma palavra do facilitador de um grupo, dita de coração a coração, outras vezes, surgia no silêncio de uma Vipássana no Buddha Hall, muitas vezes o insight aflorava durante as palestras do Osho, ou mesmo quando ele estava em silêncio nos satsangs no início da noite. E também ocorriam nas atividades da rotina diária, durante uma caminhada, num momento de silêncio, num trabalho comunal.
As experiências que vivi em Puna foram fundamentais para a minha caminhada. Voltando à vida normal no mundo, trouxe comigo a compreensão de que eu pessoalmente também carrego os meus próprios “portões da comuna” que delimitam as fronteiras entre meu mundo interior e o exterior. E se eu dou atenção ao meu mundo interior, se aprofundo minha meditação, em conseqüência, eu crio as condições especiais necessárias para o desabrochar de momentos mágicos e de sucessivos insights que iluminam meu caminho. E como em Puna, a presença de Osho continua se manifestando, só que agora fora do seu corpo físico, dissolvido nas flores, nas estrelas, nos pássaros, como ele próprio nos falou que seria.
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